Imagem: Gustavo Rastro/STE.

Floresta Nacional de São Francisco de Paula/RS 

A Floresta Nacional (FLONA) de São Francisco de Paula, administrada pelo ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), constitui-se em uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, caracterizando-se como uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas. O objetivo básico das Unidades de Conservação de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, Lei 9.985/2000).
 A FLONA de São Francisco de Paula, localiza-se no município de mesmo nome (no nordeste do Rio Grande do Sul), caracterizado pelos Campos de Cima da Serra e pelas Matas com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) que são uma fitofisionomia da Mata Atlântica. A região é uma das mais úmidas do estado, com pluviosidade superior a 2.000mm e com temperatura média anual de aproximadamente 14,5° C.

A FLONA-SFP tem uma área de 1.606 ha, com altitudes superiores a 900 metros, apresentando uma variação altitudinal de 300 metros. Esta Unidade é parte da área abrangida pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica como Área Núcleo, sendo considerada uma região de “alta” a “altíssima prioridade” para a conservação pelo Workshop de Áreas Prioritárias para a Conservação da Mata Atlântica (MMA, 2001). Ela está estrategicamente inserida no Corredor Ecológico do Rio dos Sinos, entre os Corredores Ecológicos dos rios Caí e Tainhas (Patrimônio Natural da Região das Hortênsias, Projeto Hortênsia, METROPLAN e CPRM, 1995).

Na FLONA-SFP são encontrados reflorestamentos de Araucaria angustifolia (390 ha, ou seja, 24% da área total), Pinus taeda e Pinus elliottii (229 ha, 14 % da área total), Eucalyptus (34 ha)  e outras essências com fins comerciais , totalizando uma cobertura de pouco mais de 600 ha. Contudo, a floresta nativa ocupa mais de 900 ha. Também ocorrem pequenos trechos de campo nativo e banhado. Este mosaico de ambientes naturais e construídos, juntamente com o gradiente altitudinal, resulta em uma considerável riqueza de espécies. Entre os elementos faunísticos, destaca-se a grande riqueza da avifauna, composta por mais de 260 espécies, residentes ou migratórias, e a presença de mamíferos ameaçados de extinção, como o leão-baio (Puma concolor) e o bugio-ruivo (Alouatta guariba). Também já houve na unidade registro da presença do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) na FLONA SFP, tanto avistamentos de indivíduo com filhotes, como registro fotográfico de indivíduo através de armadilhas fotográficas.

Mais de 20% das espécies terrestres da fauna ameaçada de extinção do Estado (Decreto 41.672/02) já foram registradas na FLONA-SFP ou em seu entorno próximo, bem como espécies de árvores e arbustos ameaçadas. Com respeito a sua vegetação nativa, apesar desta sofrer grande influência da floresta atlântica, ela apresenta espécies de origem andina e antártica como, por exemplo, a casca d’anta (Drimys winteri) e a própria araucária (Araucaria angustifolia).

Depoimentos 

Professor Albano Backes 

“A FLONA de S. Francisco de Paula tornou-se uma extensão praticamente direta das salas de aula da Universidade (UNISINOS) e se converteu num gigantesco laboratório a céu aberto para inúmeras atividades (...) favorecido pela excelente receptividade e apoio logístico por parte da direção da Unidade de Conservação, acessibilidade, infra-estrutura de alojamento, de deslocamento dentro da floresta e um grande respeito pelo projeto de cada um e de cada grupo, sem, no entanto, deixar de compartilhar as experiências e os resultados entre todos os interessados."

Pesquisadora Rosane Marques 

“A FLONA de São Francisco de Paula tem se demonstrado uma Unidade de Conservação (UC) de grande relevância para a manutenção da biodiversidade nacional, inclusive de espécies ameaçadas de extinção e que não suportariam qualquer pressão de caça. (...) A fácil divulgação dos resultados das pesquisas para as pessoas que visitam a FLONA SFP (escolas, universitários, turistas) é mais um fator importante, pois democratiza o compartilhamento de informações com a população que, normalmente, não teria outro acesso ao conhecimento científico e sobre a biodiversidade que é um patrimônio de todos.”

Professora Sandra Hartz 

“Desde 1997 realizo atividades didáticas com alunos do Curso de Ciências biológicas desta Universidade na FLONA SFP, desenvolvendo com eles inúmeros projetos de  pesquisa, (...) com isso, a FLONA SFP contribuiu com a formação de mais de mil profissionais na área biológica e de meio ambiente, só considerando a UFRGS, (...) em parte advindo destas atividades didáticas, projetos de pesquisa foram gerados, onde Mestres e Doutores foram formados e realizaram suas atividades de estudo na FLONA SFP. (...) declaro também que sem dúvida,  FLONA SFP é a Unidade de Conservação do Estado do RGS que mais eficientemente executa as suas atribuições legais, declaradas no SNUC.” 


Saiba mais! 

O valor das Unidades de Conservação

para a Sociedade Brasileira

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